terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Objetivo da Psicoterapia

     O objetivo principal da Psicoterapia é despertar o desejo de movimento e atualização em direção à saúde, bem como, trabalhar o ser humano de forma concreta e não fragmentada como um todo levando em consideração aspectos físicos, emocionais, mentais e relacionais. Para Maturana (1997), a efetividade da psicoterapia, individual ou familiar, se baseia no fato de que, no fluir emocional a que ela necessariamente leva, terapeuta e cliente podem derivar em um espaço de convivência a partir do qual o espaço conversacional cotidiano do cliente possa mudar.
     Desta forma, o psicólogo clínico seja qual for a sua formação acaba por fazer um movimento mais amplo, pois a própria prática lhe conduz a uma mudança de postura devido às novas exigências, o que leva a um olhar sistêmico com uma multiplicidade de conexões. Enfim, deve-se caminhar para uma prática que englobe o sujeito, a família e o contexto sócio histórico enfatizando a relação entre eles, pois o sujeito não pode ser considerado isoladamente e sim numa visão dialética, contribuindo para diluir a cisão existente entre indivíduo e grupo, externo e interno, intrapsíquico e interacional.
     Com isso, as intervenções sejam em qualquer contexto não exigem regras pré-determinadas, pois não é uma técnica, mas uma ética do saber e do fazer terapêutico articulando a intervenção dirigindo-se ao(s) sujeito(s) a fim de proporcionar um bem dizer, sendo que os atendimentos focam nas possíveis soluções, criando condições de um potencial criativo para que o cliente/sistema possa vir a fazer mudanças necessárias no comportamento e/ou nas suas crenças e valores, isto é, mudanças diante do contexto, bem como do padrão de interação vigente no sistema ou na sua vida possibilitando que este faça suas próprias escolhas e aja com discernimento diante dos vínculos criados e/ou mantidos que lhe pareçam mais adequados ou desejáveis.

“Aceitar que aquilo que nasce em nós não está unicamente ligado à nossa própria história, mas tem igualmente um sentido e uma função com relação ao sistema terapêutico onde esse sentimento aparece”. Mony Elkaim.

Referências Bibliográficas

ELKAIM, Mony. Panorama das terapias familiares. Volume 1. São Paulo: Editora Summus, 1998, seção II.
MATURANA, H. Ontologia do conversar. In: MAGRO, C., GRACIANO, M. (orgs). A ontologia da realidade. Belo Horizonte: UFMG, 1997.

Quando Procurar um Psicólogo(a):

-Alguns conflitos na relação, que comumente são demandas para o serviço de psicologia:

*Relacionamentos com familiares (pai, mãe, marido/esposa, filhos, avós, tios);
*Acontecimentos familiares marcantes (adoções, perdas, doenças psiquiátricas, mortes precoces,  assassinatos, suicídio, abortos, abuso/ofensa sexual, entre outros);
*Relacionamento interpessoal (sexualidade, amantes, parceiros amorosos e sexuais, amigos, colegas);
*Problemas de saúde (dores crônicas, obesidade, depressão, câncer, problemas cardíacos, entre outros);
*Envolvimentos com drogas, alcoolismo, tabagismo;
*Conflitos profissionais com chefes, colegas, empresas;
*Questões empresariais e administrativas (abertura de empresa; fracasso X sucesso; perda financeira; dificuldades na liderança; mudanças de carreira; recolocação profissional).


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ansiedade X Valores *Cibele Simões

    Desde o nascimento o homem está envolvido em processos de interações, em que inicia-se na família e posteriormente com o  grupo social. Aprendemos a interiorizar uma série de valores socialmente aceitos, e nesse processo de interiorização cria-se identidades individuais e coletivas. 
    A mudança nas relações sociais e na história de vida determina o processo contínuo na definição de "si-mesmo", nesse sentido o sujeito deixa de ser algo estático e acabado para ser ato e não resultado.
    O desenvolvimento do ser humano sofre transições críticas, e geralmente não assumimos ter passado por alguma crise, pois a nossa cultura interpreta a palavra crise como um fracasso pessoal, mas são nos momentos de  crise, que vamos construindo nossos valores, que por vezes parecem ameaçados, causando  ansiedade. Desta forma, temos que descobrir a essência de quais valores são autênticos, pois senão somos uma repetição dos valores impostos pela sociedade e não ultrapassamos o nosso limite de "estar sendo" no mundo.
    A ansiedade está ligada a cultura, pois existe uma divisão entre sujeito/objeto, e a nossa tendência é cristalizarmos os nossos valores em dogmas, o que causa frustrações em uma época de transformações destes valores, sendo uma segurança temporária diante a nossa renúncia de crescimento e criatividade.
    Nesse sentido, temos que experiênciar a ansiedade. Portanto, quanto mais firmes e flexíveis forem os nossos valores, mas aptos estamos para enfrentarmos a ansiedade, isto é, quanto mais maduros são os valores do sujeito, menos importante é, se esses valores são literalmente satisfeitos, pois o que importa é a busca e não a descoberta de um valor sobre o outro.
    Enfim, o que importa é o aqui-e-agora, o passado é referência, mas não fixa o modo de ser, em que somos sujeitos da realização, atualização e pontencialização para nos reinventarmos a cada momento o que trás angústia e ansiedade.

*Psicóloga Social e Clínica (Psicoterapeuta  Sistêmica)