terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ansiedade X Valores *Cibele Simões

    Desde o nascimento o homem está envolvido em processos de interações, em que inicia-se na família e posteriormente com o  grupo social. Aprendemos a interiorizar uma série de valores socialmente aceitos, e nesse processo de interiorização cria-se identidades individuais e coletivas. 
    A mudança nas relações sociais e na história de vida determina o processo contínuo na definição de "si-mesmo", nesse sentido o sujeito deixa de ser algo estático e acabado para ser ato e não resultado.
    O desenvolvimento do ser humano sofre transições críticas, e geralmente não assumimos ter passado por alguma crise, pois a nossa cultura interpreta a palavra crise como um fracasso pessoal, mas são nos momentos de  crise, que vamos construindo nossos valores, que por vezes parecem ameaçados, causando  ansiedade. Desta forma, temos que descobrir a essência de quais valores são autênticos, pois senão somos uma repetição dos valores impostos pela sociedade e não ultrapassamos o nosso limite de "estar sendo" no mundo.
    A ansiedade está ligada a cultura, pois existe uma divisão entre sujeito/objeto, e a nossa tendência é cristalizarmos os nossos valores em dogmas, o que causa frustrações em uma época de transformações destes valores, sendo uma segurança temporária diante a nossa renúncia de crescimento e criatividade.
    Nesse sentido, temos que experiênciar a ansiedade. Portanto, quanto mais firmes e flexíveis forem os nossos valores, mas aptos estamos para enfrentarmos a ansiedade, isto é, quanto mais maduros são os valores do sujeito, menos importante é, se esses valores são literalmente satisfeitos, pois o que importa é a busca e não a descoberta de um valor sobre o outro.
    Enfim, o que importa é o aqui-e-agora, o passado é referência, mas não fixa o modo de ser, em que somos sujeitos da realização, atualização e pontencialização para nos reinventarmos a cada momento o que trás angústia e ansiedade.

*Psicóloga Social e Clínica (Psicoterapeuta  Sistêmica)

2 comentários:

  1. Cibele, gostei muito desta sua reflexão.
    Efetivamente, as crises trazem mudanças, instabilidade...mas assim se faz a história de toda a evolução.
    Beijo.

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  2. Oi Liliana, fico feliz em saber que está lendo o que escrevo! Bjos

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